Mulheres Multifacetadas: A Força que Move o Presente e Inspira o Futuro

Ser mulher no Brasil em 2025 é exercer, diariamente, uma verdadeira ginástica emocional e intelectual. A mulher contemporânea é profissional, mãe, cuidadora, empreendedora, atleta, artista, comunicadora e muito mais, e, tudo isso enquanto enfrenta o peso de uma sociedade que ainda carrega marcas profundas de misoginia e desigualdade de gênero.

Segundo o estudo “Percepções da Desigualdade 2024” (Datafolha), 57% das brasileiras relatam ter sofrido misoginia ou violência de gênero em ambientes como trabalho, transporte público ou relações afetivas. Apesar dos avanços legais e sociais, os números revelam que a desvalorização e o preconceito contra a mulher permanecem como um desafio urgente.

É neste cenário que surgem exemplos que inspiram e provam que múltiplos papéis podem coexistir em harmonia e potência. Um desses exemplos é Ana Marta Farto Teles Dantas, mãe, negra parda, soteropolitana, advogada, professora, esportista de canoagem, yoguini, comentarista de rádio e ainda dançarina-baliza junto à banda marcial da instituição escolar em que leciona.

Sua atuação transita do universo jurídico ao artístico, do esporte à educação, da sala de aula ao microfone de rádio, alcançando públicos no Brasil e no exterior. Ana Marta é a síntese da mulher contemporânea: multifacetada, multitarefa e incansável.

Ser multifacetada é abraçar minhas paixões sem pedir licença. Cada papel que exerço fortalece minha identidade e me permite mostrar que a mulher não precisa se limitar a um único caminho”, afirma Ana Marta.
 

1. O que significa, para você, ser uma mulher multifacetada?
Significa viver em plenitude, exercendo minhas paixões, do Direito à dança sem medo de transitar por universos diferentes.

2. Como conciliar tantos papéis?
Com organização e autocompaixão. Aprendi a priorizar e a não me culpar quando algo não sai perfeito.

3. A misoginia ainda é uma barreira real?
Infelizmente, sim. Já vivi situações em que minha competência foi questionada apenas por ser mulher. Porém, transformo cada episódio em combustível para seguir em frente.

4. Qual conquista mais te orgulha?
Minha capacidade de adaptação e, por isso, saber que inspiro meu filho ser o que ele quiser.

5. Esporte e arte fazem parte da sua rotina. Qual o impacto disso?
A atividade desportiva, em lugar de parecer me cansar, é o que mais me impele a lidar com os desafios diários. É a força do físico que descansa meu psicológico. Além disso, a canoagem conecta-me com a natureza e fortalece meu corpo, meu respiratório e músculos; a dança como baliza na banda da escola, por sua vez, me desperta a jovialidade, por estar em meio à juventude e me abre como um espaço de liberdade, quebrando estigmas do etarismo e, claro, trazendo a feminilidade e delicadeza qualidades próprias das balizas. Já o yoga é, por ser uma atividade integral, desde os respiratórios que faço ao acordar até os exercícios de relaxamento ao dormir, passando pelas indispensáveis meditações, invariavelmente é uma prática que me transcende.

6. Por que também atuar no rádio?
Fui convidada e, claro, aceitei. A comunicação é uma ferramenta poderosa de transformação. No rádio, alcanço pessoas que talvez nunca entraram em uma sala de aula ou que estejam sem conhecimento de seus direitos.

7. Que mensagem passa para alunas, clientes e ouvintes?
Que autonomia é poder e isso não existe sem conhecimento. Que educação e saúde emocional caminham juntos. E, sobretudo, que nosso maior trunfo, mais do que títulos ou patrimônio, é a nossa riqueza essencial, algo único e próprio. Uma vida culta e pautada em valores morais associada às nossas características pessoais, aquelas que não podem ser substituídas por uma IA, é o nosso diferencial.

8. O que diria a mulheres que querem multiplicar talentos?
Comecem, mesmo que pequeno. Não esperem o cenário perfeito. O momento ideal. O aperfeiçoamento vem com a prática. E o caminho se faz caminhando, já diria o poeta.*

*Referência a Antônio Machado cuja frase “Caminante no hay camino, se hace camino al andar” serviu de referência aos parâmetros educacionais desenvolvidos por Paulo Freire. 

9. Já pensou em desistir?
Na verdade não. Já dei pausas em algumas áreas, como na própria advocacia. E pausas são importantes na medida em que nos permite ajustar nossas rotas. Rever os passos, até desacelerar um pouco, mas desistir não. E, de fato, quando penso que os que me antecederam tiveram que passar, lutar para eu poder viver o que vivo hoje isso seria um desrespeito aos meus antepassados. Especialmente quando penso nas mulheres que vieram antes de mim. O que me alenta, inclusive: “não preciso ser perfeita, apenas persistente”.

10. O que espera para as próximas gerações de mulheres?
Que encontrem um mundo em que ser mulher não seja obstáculo, não seja fardo e, sobretudo, não seja uma condição indigna. Quero que se vejam num mundo em que ser mulher é ser potência e, exatamente, por isso, ser alvo de reverência.

A história de Ana Marta ecoa a de milhões de brasileiras que, todos os dias, desafiam estatísticas, quebram barreiras e constroem novos caminhos.

Que sua trajetória inspire outras mulheres a reconhecerem que não é preciso escolher apenas um papel quando se pode escrever uma vida inteira de possibilidades.

Como enfatiza Ana Marta: “Somos força, delicadeza e movimento. Podemos ser tudo, e não precisamos pedir permissão para isso.”

Sobre Ana Marta

Instagram: @anamarta_mama_yoga | @advanamartafaro

Atuação: Advogada, professora, atleta de canoagem, comentarista de rádio, baliza de banda marcial, praticante de yoga e palestrante.

Reconhecimento: Atuação nacional e internacional em defesa dos direitos civis, em especial, o das famílias.

By Curitiba Hoje

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